UWC Brasil pela democracia, o exercício cívico, os direitos humanos e a diversidade
15/10/2018
Os United World Colleges (UWC, “Colégios do Mundo Unido”) surgiram no auge da Guerra Fria como um projeto de educação cidadã formadora de agentes da paz, para construir outro(s) mundo(s) possível(eis). Nascido na Alemanha em 1886, filho de judeus, Kurt Hahn, nosso fundador, conviveu com a 1ª e a 2ª Guerra Mundial e foi exilado no Reino Unido em 1933 após se posicionar contra o regime nazista alemão. As vivências de Hahn fundamentaram seu compromisso com a transformação social por meio da educação. No cerne dos valores do movimento UWC estão a celebração da diferença, a preocupação com o meio ambiente e iniciativas para o fortalecimento dos direitos humanos. O projeto pedagógico do movimento é embasado no pensamento crítico, no respeito, e na construção coletiva de comunidades de troca e produção cultural, social e científica.
Reiterando seu compromisso apartidário com esses valores fundamentais, frente à ascensão de discursos de ódio, ataques a ativistas e lideranças políticas, a UWC Brasil posiciona-se veemente a favor do acolhimento das diferenças e da defesa de valores democráticos. Parece ainda mais importante fazê-lo em um país cuja jovem Constituição nasceu dos escombros esquecidos da ditadura, do exílio e da tortura. É em nome dessa memória que nos posicionamos a favor do exercício cívico e do engajamento cidadão na política – no Brasil e no mundo.
Nos posicionamos contra todas as formas de cerceamento de direitos também em solidariedade a ex-alunas(os) da UWC que foram e são vítimas da intolerância, da brutalidade e da censura por se engajarem no incentivo ao diálogo e à valorização da diferença. Em janeiro de 2016, o italiano Giulio Regeni, ex-aluno do UWC-USA e então doutorando da Universidade de Cambridge, foi sequestrado, torturado e assassinado aos 28 anos no Egito enquanto preparava uma tese sobre sindicatos independents naquele país. Seus familiares e amigos até hoje lutam por justiça. Mais recentemente, em setembro de 2018, a nicaraguense-belga Amaya Eva Coppens, ex-aluna do Li Po Chun UWC, tornou-se presa política na Nicarágua aos 23 anos, sem direito à defesa justa, devido à sua liderança em movimentos estudantis no país.
Em respeito à história e missão do movimento UWC, convidamos a juventude a engajar-se em conversas em suas comunidades para fomentar o debate de propostas para um futuro coletivo e diverso com honestidade, escuta e compreensão. A UWC Brasil acredita que o uso da educação para unir povos, nações e culturas para a construção da paz e da sustentabilidade começa no dia a dia da juventude que exerce sua agência política, social e cultural como força motriz de mudança.
“O patriotismo não é algo que se dilui; pelo contrário, ele se fortalece e engrandece ao incluir o amor pela humanidade. Não tenho respeito pelo fervor extremista que exalta apenas suas próprias virtudes e se cega para as virtudes dos outros.”
Kurt Hahn, Fundador da UWC